Refundada em 2008 por Araribóia, a Companhia Descolonizadora atua no ramo das ações, intervenções, conversações e outras deambulações dedicadas ao combate, desmonte e desarme de discursividades e representações coloniais, neocoloniais e suas variantes contemporâneas. Em seu conjunto, as proposições da Companhia Descolonizadora estão vinculadas ao território de ABYA YALA e PINDORAMA e a reafirmação da presença histórica e atual dos povos originários com seus saberes, linguagens, culturas, modos de vida e cosmovisões.

A companhia descolonizadora, enquanto proposição de recontextualização, tem como compromisso ou meta enfrentar  narrativas e práticas desenvolvimentistas. Trabalhamos com o prendimento do envolvimento. Não aceitamos a ideia distorcida de desenvolvimentismo que faz acreditar que para crescer é necessário romper os envolvimentos, quando é justamente ao contrário. No lugar do verbo do desenvolvimento propomos então o verbo do envolvimento. Olhar para a história e seu ímpeto que passa para todos os lados no lugar de olhar só para frente. Assim, apoiado na constatação de Daniel Munduruku – um passo atrás para pegar impulso – as ações da Descolonizadora estão alinhadas com pressupostos vinculados ao âmbito da des-meta e outras variantes de viés adjacentes. A meta da Descolonizadora é dobrar a meta: dobrar até que não haja meta.

Para tanto, assumimos, estrategicamente, no lugar do work in progress largamente difundindo e utilizado no âmbito da arte, práticas e visões de mundo vinculadas ao que chamamos trabalho em regresso. No lugar do desenvolvimento acentuamos o envolvimento, os contextos e os corpos. Como Edgardo Antonio Vigo (artista argentino), somos partidários das realidades ajudadas. Todas as etapas de produção são também etapas de exibição/apresentação. Nesse sentido, não estamos mostrando o processo, nem fazendo uma performance sobre ele. Estamos mostrando o trabalho mesmo.

As proposições da Companhia Descolonizadora começam com a apresentação/conversa com os fornecedores, colaboradores e demais envolvidos na produção de suas propostas, passando pela realização de suas ações (em contextos da arte e fora da arte) incluindo também a apresentação/detalhamento de suas ações em conversas e conferências como a que estamos realizando agora. Ali onde é produzido o trabalho ele é também exibido. Arquivo, objeto, situação/contexto, intervenção, apresentação, falação.