Apresentação

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Cine Teatro Ouro Verde

Assim como em outras regiões do Norte do Paraná, a ocupação e o desenvolvimento da cidade de Londrina remete ao ano de 1929, com o processo de colonização iniciado e incentivado pelo governo paranaense e depois estendido pelo contexto privado. No âmbito privado, a companhia de Terras Norte do Paraná, empresa de origem inglesa que objetivava o povoamento da região, foi a responsável por propagar o discurso do vazio demográfico bem como publicizar as vendas dos lotes da cidade, esses, eram oferecidos em condições de fácil acesso como forma de efetivar rapidamente a colonização.

Foi através das atraentes propagandas e do capital inglês que a Companhia de Terras atraiu compradores de lotes, estes vindo de processos migratórios e imigratórios, eram em sua maioria jovens que sonhavam em “fazer a América”. Assim, a região de Londrina tornou-se atrativa para aqueles que queriam dar início à vida com poucas posses. Os meios relativamente fáceis de obter a terra por meio da compra ofereciam uma oportunidade palpável de concretização do sonho dos que aqui chegaram.

Em sua fundação, a cidade fazia parte da Comarca de Tibagi, mais tarde passou a pertencer à Comarca de São Jerônimo e, em 1931, com uma relativa população já formada, era distrito de Jataí. Em 3 de dezembro de 1934, por meio do decreto-lei n.º 2.519, Londrina passa a ser um município.

O espaço londrinense sempre teve notório destaque em relação às demais regiões do Norte do Paraná, tida como a cidade do progresso, onde a colonização e todo o plano inglês “deu certo”.

Nos anos que se sucedem 1935 a 1945, além do crescimento populacional, ocorreu em Londrina a ascensão de vários setores econômicos, fato que contribui para o repensar a cidade em relação às suas construções. Arquitetos, engenheiros, pintores, etc. de renome são convidados a pensar o “novo rosto” do espaço.  Londrina adentra os anos 50 como lugar exemplar de cultura e modernidade.

É neste cenário do início da década de cinquenta que a construção do Cine Ouro Verde é pensada. O projeto, que na época atingiu muito prestígio, foi assinado pelo renomado arquiteto modernista João Batista Vilanova Artigas e pelo seu sócio Carlos Cascaldi.

A ideia de um cinema majestoso partiu dos próprios comerciantes. O projeto do conjunto é de 1948 e a construção do edifício de esquina foi concluída em 1951. O cinema foi inaugurado na véspera do Natal de 1952, sendo anunciado no jornal Folha de Londrina como um presente para a cidade.

Além de filmes memoráveis como A ponte do Rio Kwai, sob a gerência do Sr. Saulo, também foram exibidos no Ouro Verde vários espetáculos ao vivo de cantores e orquestras. Lá apresentaram-se Tito Schipa, Vicente Celestino, bem como a orquestra de Francisco Canaro, a qual exibiu, em 24 de setembro de 1954, o espetáculo Noite Portenha com o Rei do Tango, como se denominava Francisco Canaro.

Pela resolução n.º 451, de 7 de abril de 1978, a Fundação Universidade Estadual de Londrina autorizou o reitor a proceder à aquisição do Cinema Ouro Verde pelo valor de Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), recurso esse originado do Governo Federal — Ministério da Educação e Cultura — e Governo do Estado do Paraná. Assina a resolução o Professor Reitor Oscar Alves.

Desde sua aquisição pela UEL, o Ouro Verde já abrigou, através da gestão da Casa de Cultura, todos os tipos de eventos artísticos e atividades acadêmicas, e a partir dos anos de 1980 as mostras do Festival Internacional de Londrina (FILO).

O tombamento do Cine Ouro Verde não se resumiu apenas em um processo que visava preservar uma antiga edificação, mas se constituiu em uma história que seria referência para Londrina e marco para a região Norte Paranaense. É evidente a importância cultural e arquitetônica do imóvel Cine Teatro Ouro Verde ao nível de município, devido ao papel que tem desempenhado ao acolher várias expressões artísticas da cidade de Londrina, bem como pelo fato de estar ligado ao nome do notável arquiteto J. B. Vilanova Artigas.

Parte do edifício foi destruída após um incêndio, no dia 12 de fevereiro de 2012, causado por um curto-circuito. Esforços do Governo do Paraná e da UEL são realizados para restaurar a construção.

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